Ao assistir George Harrison - Living in the Material World, uma das impressões que ficam do ex-beatle é de que ele foi amigo e amava todos que o cercavam. Em um dos depoimentos, a viúva Olívia Harrison diz que George buscava o amor a Deus amando as outras pessoas. Ringo Starr reforça a amizade em quase todos os depoimentos. Um dos mais marcantes é quando ele conta que falou com George, dias antes de sua morte, sobre ir pra Boston para tratar o câncer de sua filha. George, que estava com a mesma doença, perguntou: "Quer que eu vá com você?". Essa foi a última conversa dos dois.
George, John, Ringo e Paul |
A tarefa de montar um retrato da vida e da personalidade de George foi difícil. Quando o filme acaba, o espectador não consegue decifrar por completo como era a mente iluminada e criativa do guitarrista, mas de certa maneira é fácil se encantar com sua história e sua extensa obra.
George era um apaixonado por fotografia e cinema e gravou um vasto material em vídeo. Sessões no estúdio caseiro, visitas de amigos, viagens... Olívia enviou uma cópia das filmagens para o diretor Martin Scorsese, que já havia dirigido filmes sobre Bob Dylan (No Direction Home, de 2005) e Rolling Stones (Shine a Light, de 2008). A imagem de George entre um viveiro de tulipas chamou a atenção de Scorsese, que decidiu fazer o projeto. O documentário foi lançado em 2011, e exibido no Brasil durante do Festival do Rio.
Scorsese colheu depoimentos de diversos amigos e pessoas que conviveram com George. De Paul McCartney, amigo de escola - época em que George era um "pequeno arrogante", segundo Paul - e companheiro de Beatles, aos amigos do Monty Python Eric Idle e Terry Gilliam, passando por Yoko Ono, Phill Spector, Tom Peatty, e outros.
Apesar de ser introspectivo, através dos depoimentos de amigos mais próximos como Klaus Voorman, Eric Clapton e a ex-mulher Pattie Boyd, percebe-se que George era também sincero, generoso e livre. Um dos momentos mais interessantes do filme é quando Clapton relembra como foi contar para Harrison que estava apaixonado por Pattie.
Ravi Shankar e George Harrison |
O uso de drogas começou quando ele estava nos Beatles, mas logo que começou a conhecer a meditação de Maharishi, ele começou a trabalhar a espiritualidade e o desapego. Ele começou a tocar cítara com Ravi Shankar, que virou um grande amigo e mentor, e viajou com ele em turnês.
O documentário tem algumas das faixas que George gravou nos beatles e um monte das que gravou depois que saiu da banda. Os depoimentos são intercalados por imagens de Guerra e outros fatos que contextualizam o momento histórico, e por leituras de cartas que escreveu para a mãe e pedaços de anotações em diários e agendas.
O que fica claro é que George sempre buscou a paz em sua vida. Fosse na música, depois nas drogas e por fim na espiritualidade, ele queria encontrar uma forma de morrer sem apegos e vínculos materiais. George se foi, mas deixou não só o quarto iluminado, como diz Olívia, mas iluminou também a vida de seus amigos e fãs.
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