segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Som de Cá - "O déjà vu do rock inglês"


O caos das grandes cidades cega os sentidos e ensurdece os corações. São para essas pessoas que o Harmada faz música. O primeiro disco da banda carioca, Música Vulgar Para Corações Surdos (2011), é repleto de pequenas crônicas e ensaios sobre o cotidiano. Inspirados em bandas de rock inglês, o grupo criado por Manoel Magalhães faz música pop, sem vergonha do rótulo.

Manoel Magalhães fez parte da Polar, banda que lançou apenas um EP, mas tocou em festivais e teve clipe circulando nos principais canais de música. Com o fim da banda, ele entrou pro Columbia, e foi um dos compositores do disco O que você não quis dizer. Quando deixou o Columbia, pensou em fazer uma "banda de uma pessoa só", mas logo depois decidiu chamar amigos para tocar juntos. O Harmada tomou forma com Juliana Goulart (bateria), Filipi Cavalcante (baixo) e Brynner Buçard.


O Harmada pode ser pensado como uma continuidade do Polar, mas com diferenças melódicas claras. Enquanto o Polar tinha arranjos mais acústicos e grandiosos, o Harmada é mais explosivo, mas sem deixar momentos mais melancólicos e leves de lado.

As letras de Música Vulgar são fortes, sempre lembrando a dor, o sofrimento, a morte. Há também espaço para conselhos e amor. A televisão, sempre presente nas letras de Manoel, retrata as imagens que bombardeiam os moradores das grandes cidades. "Avenida Dropsie", inspirada na graphic novel de mesmo nome, e na adaptação montada pela Sutil Companhia de Teatro de Curitiba, sintetiza esse colapso das grandes cidades, e o esvaziamento das relações pessoais. A introdução da música é início do texto da peça narrado por Guilherme Weber, um dos criadores da Sutil.



"Londres" é dramática, sofrida. Fala de alguém que é estrangeiro e que está presa na tentativa de esquecer, e lutando para viver com a dor. O disco começa falando sobre o fim com "Sufoco", que tem uma ótima levada indie e retrô. "Luz Fria" tem a mesma pegada da anterior, mas com um final de jazz. Ela ganhou um clipe lúdico, cheio de mágica.


A banda também gravou uma versão melancólica de "Tarde Demais" do Raça Negra, para o tributo Jeito Felindie (2012). Surpreendente em partes, já que o sofrimento e a dor são fonte de inspiração para as duas bandas. O Harmada aborda temas doloridos em ótimas baladas pra atingir aqueles que são ensurdecidos por buzinas, celulares e fumaça.


Harmada na rede:
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