sexta-feira, 24 de maio de 2013

Na Tela - É doloroso se perder


Uma atmosfera pesada que traz a obra marcante do Joy Division. Angústia inexplicável para quem não habita a pele de Ian Curtis. O sucesso desconhecido trouxe na bagagem um desconforto provocante, que diluiu uma vida espontaneamente centrada. Control (2007) conta a trajetória do jovem cantor que ascendeu no cenário inglês pós-punk com letras profundas que relatam sentimentos conturbados.

O jovem ator britânico Sam Riley ficou responsável por reviver a história de Ian Curtis. O longa narra a passagem da adolescência para o início da fase adulta. A paixão por poesia e música fica clara nos primeiros minutos. A trilha já começa com David Bowie, uma das principais inspirações para o cantor. Rapidamente passamos pelo período tranquilo do casamento de Ian com Debbie.


Inspirado a ingressar na carreira musical após assistir a uma apresentação do Sex Pistols, em 1971, Ian  se dividia entre o trabalho como funcionário público em uma agência de empregos e as apresentações como vocalista e letrista. Embora crescendo de forma gradual, rapidamente o Joy Division ficou conhecido pelo país ao se apresentar ao vivo na televisão.

Durante a volta de uma apresentação em Londres, Ian sofre o primeiro ataque epilético. A doença, que ainda não era muito conhecida na época, não tinha um tratamento eficaz e os pacientes eram verdadeiras cobaias. Ian chegou a tomar um coquetel de remédios que, aparentemente, não surtiam efeito. Provavelmente, a saúde debilitada contribuía para seu estado sensível.


Momentos da vida que serviram de inspiração são intercalados com as canções escritas como forma de desabafo. Ian se comporta como uma pessoa calada, reservada, que somente consegue liberar o que sente quando está no palco. Faixas como Transmission, She's Lost Control, Atmosphere e Love will tears us apart compõem o longa.


A paixão pela estrangeira Annika é um dos agravantes para o sentimento de angústia. Afinal, a esposa Debbie ainda é amada? O que Annika representa? Amor e ódio caminham juntos?


O espectador acompanha a depressão gradativa de Ian. O filme vai adquirindo uma atmosfera densa. Nos sentimos perdidos nas confusões de sentimento de Ian. Por fim, vem o desfecho trágico. Ian se enforca, aos 23 anos, em seu auge como cantor e compositor. A cena final é pesada mesmo tendo sido composta para não chocar. É doloroso perder alguém. É doloroso se perder.


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