quarta-feira, 29 de maio de 2013

Som de Cá - "Qual é o peixe que tu tá vendendo?"

Pra vender seu peixe, o Apanhador Só propõe uma evolução sonora a cada disco. A banda que começou em 2005 lá no Rio Grande do Sul, lançou o disco Antes Que Tu Conte Outra. Mas em oito anos de carreira, Alexandre Kumpinsky (voz e guitarra), Felipe Zancanaro (guitarra), Fernão Angra (baixo) e André Zinelli (bateria) já rodaram muita estrada e fizeram todas as experimentações possíveis em dois discos, um acústico e um EP e um compacto.

Em 2006 a banda foi tocar no Rio de Janeiro depois de vencer um concurso de um site de música com o EP Embrulho Pra Levar. Com isso, os gaúchos abriram shows de Maria Rita e começaram a causar burburinho no cenário alternativo.


Quatro anos depois sai o primeiro disco. Das 13 faixas de Apanhador Só (2010), três já tinham sido gravadas no EP. O álbum mostrou a face mais indie da banda, com arranjos ora leves, ora barulhentos. É fácil perceber uma certa influência de Los Hermanos em algumas faixas, principalmente em "Um Rei e o Zé", que abre o disco. "Prédio" é uma das mais legais junto com "Balão-de-vira-mundo". A bicicleta, que é o símbolo do banda, é usada como instrumento em "Bem-me-leve". Já "Nescafé" é a obra-prima do disco, com uma letra poética e bem estruturada, e um arranjo que navega entre a sutileza e a amargura. A música já foi gravada pelo cantor Filipe Catto.



Acústico-Sucateiro foi o trabalho seguinte. Lançado em fita K7, o álbum foi todo gravado com instrumentos improvisados como pilão, tecladinho de brinquedo, faca, chave de fenda, caixinha de drops e isqueiro. O repertório tem versões de músicas do primeiro disco e a inédita "Na Ponta dos Pés". Em formato experimental a banda fez uma introdução nervoso para "Nescafé" e transformou "Um Rei e o Zé" em um samba. "Bem-Me-Leve" aparece mais suave e mais bela.


O compacto Paraquedas foi produzido por Curumin e saiu em vinil 7 polegadas. As duas faixas poderiam servir de uma prévia do que viria no novo disco. Apesar da música que leva o nome do trabalho não apresentar nenhuma novidade, o lado B "Salão-de-festas" traz a inclusão de elementos eletrônicos na sonoridade da banda.


No novo trabalho, a banda ousa mais. Mais ruído, mais peso, mais poesia. Os instrumentos do Sucateiro voltam a ativa. O disco começa agressivo e barulhento com "Mordido", passa pela interessante "Vitta, Ian, Cassales" e chega no primeiro single, a esquizofrênica "Despirocar".



O crescimento da banda é notável. Não há uma preocupação comercial nesse trabalho. Apesar de ter uns momentos pops, as melhores músicas são as mais elaboradas. "Líquido Preto" começa de forma inesperada e se torna tão viciante quanto o líquido citado na música. As distorções dão um toque especial em "Reinação" e em "Por trás" fazem questionamentos sobre coisas que são para vender. O que não é o caso deles.




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