

O show business é
elaborado com cuidado, recebendo atenção em cada um de seus detalhes. Para
legitimar a guerra é preciso um motivo. Para isso, Conrad Brean e a assessora Winifred
Ames (Anne Heche) contratam os serviços do produtor
cinematográfico Stanley Motss (Dustin Hoffman). Motss é
procurado para desenvolver os slogans e símbolos do conflito. Ele dirige a cena
falsa da fuga de uma albanesa de uma cidade destruída por um bombardeio e ainda
compara os efeitos usados no vídeo com os do filme do Arnold Schwarzenegger,
deixando claro que a guerra está sendo fabricada como uma produção
hollywoodiana. A propaganda usada para tornar a guerra contra a Albânia real reúne
diversos elementos, como uma música tema, um símbolo, um gesto, um soldado dito
herói.
O filme trata da criação de um espetáculo em prol de um
grupo específico da sociedade. A grande questão de reflexão é como uma parcela tão seleta consegue deixar toda uma sociedade a mercê de suas vontades enquanto a
engana. O que uma guerra, mesmo que fictícia, implica? A relação entre os
países é alterada, há um registro histórico do conflito (no caso, constituído
de elementos forjados, sendo legitimado um fato que nunca
aconteceu e que é sustentado por inverdades). No longa, uma música é escrita e
gravada, mas é catalogada como se fosse da década de 30, sendo arquivada na
Biblioteca Nacional.
Já no fim, em uma cena aparecem os dois criadores do
comercial de campanha de reeleição - a propaganda passa constantemente durante
o filme e sempre é criticada pelo produtor Stanley Motss. Os dois homens contam
que eles consideram que “o presidente é um produto”, que a todo tempo estava
sendo vendido com a campanha. Motss perde o controle ao se dar conta de que ele
não receberia reconhecimento pelo trabalho que teve, e que na verdade ele era o
responsável pelo percentual de 89 na intenção de votos. Como acordado no início,
o trabalho seria sigiloso, mas, com o descontrole do produtor, o grupo
responsável pela imagem do presidente teve que tomar medidas. Na cena seguinte,
aparece o noticiário em que a morte de Motss por enfarte fulminante é
anunciada. O que fica claro, não é uma mera coincidência.
O filme pode ser resumido a partir das frases iniciais: “Por
que o cão balança o rabo? Porque o cão é mais esperto que o rabo. Se o rabo
fosse mais esperto, balançaria o cão.”. O grupo político tem o poder, a
mídia é enganada e não desconfia, logo transmite o que pensa que é verdade para
a população. Um seguimento se articula e consegue controlar todos os outros. O controle é do mais esperto.
“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.”
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