Autora de uma vasta obra, que ultrapassa oitenta livros, a escritora inglesa Agatha Christie ficou mundialmente conhecida por seus romances policiais que tanto intrigam o leitor. Com um lugar de destaque na literatura mundial, a Rainha do Crime criou personagens memoráveis e, até hoje, coloca pulgas atrás da orelha de muita gente que tenta desvendar os inusitados e mais variados mistérios que sempre terminam, claro, com a solução fora do óbvio.
Em Os treze problemas, um grupo de amigos se reúne toda terça-feira para contar um caso de assassinato. Em cada encontro um integrante conta um caso. Quando a história termina, o restante do grupo tem que propor a solução, apontando um culpado e justificando a escolha através de elementos e observações coletados durante a narração. O grupo é bem heterogêneo, sendo composto pelo escritor Raymond West, pelo comissário da Scotland Yard Sir Henry Clithering, pelo sacerdote dr. Pender, pelo procurador sr. Peyherick e pela atriz Joyce Lemprière e pela velha Miss Marple.
Agatha Christie consegue desconstruir pontos de vista clássicos. Os personagens não são tão espertos e ágeis como esperaríamos que fossem, caso de Sir Henry Clithering. Mas ainda mantém uma pitada do 'lugar comum', como a inocente Joyce Lemprière, que acaba se passando por boba em determinados momentos devido a falta de experiência na vida, elemento esse que sobra para Miss Marple. A tranquila velhinha que tricota em silêncio no canto da sala é quem costura a narrativa.
Os treze problemas são crimes que retratam o nível máximo de brutalidade do ser-humano, misturando obsessões e sentimentos alimentados de forma negativa por ciúme, ganância, luxúria, raiva, entre outros. Em cada capítulo um caso é contado e sua resposta é descoberta. É interessante que todos têm um desenrolar surpreendente, mas sem ultrapassar a linha para o lado do irreal. Algumas histórias trazem elementos tão comuns aos dias atuais que é possível sentir-se lendo as páginas de um jornal que relata mais uma brutalidade do cotidiano bem articulada em ambientes onde a ganância parece ser o principal, e talvez único, valor.
Os problemas são resolvidos quando as técnicas e as fantasias são deixadas de lado e passa-se a observar o que é plausível de ser enxergado na natureza humana. Quando é possível perceber que o homem não tem limites, ou escrúpulos, para brigar por aquilo que anseia mais do que qualquer coisa.
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