Foto: I Hate Flash |
Sexta-feira Santa e milhares de jovens se aglomeravam nos arredores do Jockey Club de São Paulo. Era o início da segunda edição do Lollapalooza Brasil. Do lado de fora, ambulantes vendendo bebidas e capas de chuva, cambistas comprando e vendendo ingressos mais caros do que na bilheteria - que tinha fila tão grande quanto a da entrada -, emissoras de TV fazendo entrevistas, marcas aproveitando para fazer campanhas de marketing... Tudo normal para um festival Brasileiro. Para completar, a típica garoa paulista começou a cair, fazendo com que todos usassem a tal capinha de saco plastico dos ambulantes.
Quem entrava no festival, logo se deparava com a lama, que já é um elemento comum em qualquer festival do universo - Woodstock é um bom exemplo disso. Problema mesmo era tentar usar o banheiro. As meninas sofriam nas filas, enquanto os homens aproveitavam para se aliviar nas cercas que separavam a área dos palcos da entrada. Deprimente.
Teve gente que perdeu show enquanto ficava na fila para comprar a Pillapalooza, moeda oficial do festival que só valia por um dia. Depois dessa fila tinha que enfrentar outra para trocar a fichinha pela comida. E pra quem queria beber tinha uma terceira, para pegar a pulseirinha que identificava que era maior de idade. Caos.
Bradon Flowers, a voz de ouro do The Killers - Foto: Cambria Harkey |
Nesse primeiro dia teve o Agridoce, encerrando a turnê; teve a banda hype da Islândia, Of Monsters and Men; teve a estranheza do Flaming Lips; teve o revival dos anos 90 com o Cake e teve o The Killers. Brandon Flowers e seus companheiros emendaram hits e deixaram os fãs sem folego. A chuva foi ignorada. No fim, com tantos sucessos, explosões e chuva de papel picado faltou espaço pra ótimas faixas como "Flesh and Bone", "Here With Me" e "The World We Live In". Mas o vocalista não deixou a desejar com sua qualidade vocal.
No dia seguinte o Sol resolveu aparecer, mas a lama permaneceu firme e forte - também não tinha como desaparecer. As filas para entrar e comer estavam menores, o que aumentou o tempo para que a galera pudesse passear pelo festival.
Alabama Shakes no Palco Alternativo - Foto: I Hate Flash |
Nesse dia a maior dificuldade foi escolher entre Franz Ferdinand e Alabama Shakes. Quem escolheu pela segunda banda acertou em cheio. O repertório foi baseado no primeiro disco com algumas músicas inéditas. Brittany Howard deitou e rolou nas melodias impecáveis de seus companheiros de palco. A moça se entregou em todas as faixas, mostrando verdade em cada nota, usando a visceralidade para encantar e emocionar o público. Quem assistiu aplaudiu versões poderosas de "Hold On", "I Found You", "Heartbreaker" e "Be Mine".
Fim do show, era hora de desviar das poças que cercavam o Palco Alternativo e migrar para o Palco Cidade Jardim, o principal. Era lá que o Queens of The Stone Age tocaria minutos depois. Josh Homme, Dean Fertita, Troy Van Leeuwen e Michael Shuman apresentaram Jon Theodore, o novo comandante das baquetas nos shows da banda. E a apresentação foi curta e grossa. Aproximadamente uma hora de show, com repertório que privilegiou o Songs for the Deaf (2002), o QOTSA deu uma porrada nos ouvidos mais sensíveis e ainda tocou pela primeira vez a inédita "My God Is The Sun", que sairá no próximo trabalho deles. Uma pena eles não terem sido a banda principal.
Esse papel ficou para os Black Keys. A banda da moda fez uma boa apresentação, com momentos mais empolgantes e outros mais mornos. O público vibrava com as canções de Brothers (2008) e El Camino (2011), mas quando a canção era de algum álbum mais antigo, era hora da galera ir buscar uma cerveja ou descansar na grama. Mas a apresentação foi satisfatória - o som estava baixo, mas deu pra animar e mostrar a qualidade da dupla.
Rick Wilson comando show do Kaiser Chiefs - Foto: I Hate Flash |
O terceiro e último dia foi pesado. O primeiro grande show foi do Kaiser Chiefs. Ricky Wilson pulou na grade, correu, escalou a torre de som e fez o show mais empolgante do festival. Em seguida, o The Hives mostrou a mesma empolgação, porém Pelle Almqvist exagerou tentando falar português o tempo inteiro. Não deu certo.
Planet Hemp foi o headliner nacional, fazendo o penúltimo show do festival. A apresentação foi pesada. Protesto contra Feliciano, discurso a favor da descriminalização das drogas e um bando de fãs que não via a banda ao vivo há dez anos - a última vez que tocaram em São Paulo foi em 2003. O show foi bem sucedido e rendeu a escalação da banda pro Lollapalooza Chicago, que ocorre em agosto.
Pearl Jam encerrou o Lollapalooza Brasil 2013 - Foto: I Hate Flash |
O Pearl Jam encerrou o festival muito bem. Eles se dedicaram a resumir 22 anos de carreira em 2h e 15min de show. Tarefa díficil, já que pra uma banda desse porte, sempre ficam faltando músicas no show. Eles abriram com "Small Town" e "Why Go", seguida por "Interstellar Overdrive", cover do Pink Floyd. Ganharam o público com clássicos como "Jeremy", "Black", "Better Man", além de outros dois covers - "I Believe In Miracles", dos Ramones e "Baba O'Riley" do The Who.
Filas e transtornos na volta pra casa marcaram o festival. Além disso o público se mostrou disperso, mais preocupado com a cerveja e com a foto no instagram do que com os shows que rolavam nos seis palcos do festival. Falta pro público brasileiro aprender a se portar nos shows e falta aos festivais se planejarem para que a cada ano os problemas de infra-estrutura se tornem menos frequentes.
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