Marina Vello e Adriano Cintra. Ela veio do Bonde do Rolê. Ele cansou de ser sexy. Os dois deixaram as bandas festeiras e assumiram uma identidade mais sombria no projeto Madrid. Batidas eletrônicas e farra foram trocadas por piano, violão e boas composições. O duo lançou o primeiro disco no ano passado e fizeram shows em algumas capitais para divulgar o trabalho. Apresentações em festivais e shows internacionais também estiveram presentes na agenda da banda. O processo do álbum durou dois meses e foi todo feito em São Paulo, cidade onde Adriano vive. Marina adotou Londres como residência. O clima cinzento e nebuloso das duas metrópoles é muito forte nas músicas.
A estética folk-indie ajuda na composição de uma nova imagem pros músicos e os distanciam de seus antigos trabalhos. Madrid (2012) ganha força por ser encabeçado apenas pelos dois. "Til Things Fall Apart", faixa de abertura, é grudenta e a melhor do disco. Ela que define o clima melancólico que permanece por todo o disco. "Sad Song" é de uma beleza triste e indescritível. É como a noite escura e fria que abraça os corações insones e solitários.
É impossível não perceber o trabalho vocal de Marina, que ora canta em tons mais doces, ora em tons cortantes e afinados. "I've Been Around" é retrô e flerta levemente com o pop francês dos anos 60. Adriano também se arrisca nos vocais. Destaque para "Poison". "you can turn your back and walk away from me."
A preocupação com a produção é notável tanto nas músicas, quanto nas fotos e vídeos. O lado soturno é trabalhado o tempo inteiro. "Sibilings", a segunda melhor faixa do álbum, tem um clipe que poderia ser feito por qualquer banda indie do momento. "Bride Dress in a Frame" mistura culto religioso com a noite paulista. Com esse trabalho, o Madrid mostra que tem capacide de se firmar na cena alternativa brasileira e conquistar públicos estrangeiros, e nisso, os dois têm experiência.
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