quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Som de Cá - Máximo

O underground parece fazer parte da carreira de André Frateschi. Conhecido não só de papeis em novelas e minisséries globais, o artista (não no sentido banalizado de celebridade, mas sim no sentido real, de quem faz e produz arte) também atua há um bom tempo na cena independente paulistana. Após tocar em inúmeros projetos – entre eles o Heroes, no qual apresenta covers de David Bowie, e o Hits do Underground, onde revisitou músicas de artistas e bandas da cena paulista junto com sua mulher, Miranda Kassin –, Frateschi agora lança seu primeiro trabalho solo autoral.

André e Miranda revisitando "Dê" de Tatá Aeroplano no disco Hits do Underground

Maximalista pode ser considerado uma pintura sonora sobre a capital paulistana feita pelo músico. Por ser “filho da fumaça e da aspereza do concreto” – como declarou em entrevista a um site –, Frateschi usou toda a influência da cidade grande para criar um trabalho urbano, alternativo, sujo e de extrema qualidade.

Dividido em dois lados – um de 10 e outro de cinco faixas –, o álbum começa com a faixa-título que narra a rotina em São Paulo e como um sujeito como ele se deita e se levanta todos os dias com ronco de motor, fumaça, e sempre ligado em “outra tomada em outra tomada em outra tomada”. Essa conexão com ou sem fios e tomadas também aparece em “A Máquina Preenche”, que fala sobre o espaço que a tecnologia ocupa em nossas vidas. Em um dos melhores vocais do álbum, a voz de Frateschi acompanha a melodia da guitarra e brinca com a letra da música de forma interessante.

Livremente influenciado por David Bowie, o artista entrega grandes rocks ao ouvinte como “Eu Não Tenho Saco”, “Tudo Vai dar Tempo” e “Isso é Coisa Pra Homem” que tem ótimas camadas de teclado mesclada às guitarras sujas. A última ainda traz um incrível backing vocal no refrão criando um dos momentos mais emocionantes do trabalho. Outra que parece ter grande influência do camaleão do rock é “SP, Berlin”, faixa com pegada de jazzística que pode figurar entre as melhores do ano fácil. Outro destaque é o fervor punk de “Turma do Bem”.

Para gravar Maximalista, Frateschi recrutou nomes interessantes da cena paulistana como André Abujamra (guitarras), Loco Sosa (bateria), Zé Mazzei e Dudinha Lima (ambos no baixo). O tecladista de Bowie, Mike Garson, também participa de algumas faixas do álbum, incluindo a instrumental “Soul Searching”, que encerra o trabalho.

A arte ficou a cargo do quadrinista Fabio Moon, que deixou o trabalho com cara de revista em quadro muito bem feita e deu a Frateschi um ar de anti-herói na ilustração da capa. Perfeito para um disco super, mega, máximo. Maximalista.

Ouça o disco:

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