quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Faixa a Faixa - A serenidade do Ludov

Uma característica da música do Ludov é a evolução sonora que a banda apresenta de um trabalho para o outro. Melodias mais harmônicas, repletas de sutilezas, letras bonitas, bem pensadas, que resultam em canções marcantes e acolhedoras. Tal característica está presente no novo trabalho do grupo.

Miragem (2014) começou com um projeto de crowndfunding, no qual os fãs puderam ajudar a financiar o lançamento do álbum em vinil. Isso provavelmente influenciou na escolha da ordem das canções e do número de faixas, cinco de cada lado, o que mostra o cuidado da banda para apresentar um trabalho de qualidade e com carinho.

O disco já chama atenção pela bela capa feita pelo quadrinista Gabriel Bá. Ao tocar o disco, o ouvinte se depara com a delicadeza e a calma dos arranjos gravados no disco. “Copo de Mar” começa intimista e logo após a segunda estrofe ganha corpo e somos convidados a embarcar no veleiro da banda e viajar nas imagens propostas pela música, um dos destaques do álbum.

“Na Fila do B52’s” fala sobre um desencontro e aponta algumas canções da banda citada no título. Já “Cidade Natal”, traz um arranjo doce e envolvente para falar sobre lembranças, distância e a relação com o passado. Uma das melhores do disco que mostra, tanto na letra, quanto na melodia, o real amadurecimento do grupo.

Com uma pegada mais urbana, “Congelar” nos leva ao cenário de uma cidade grande e fria. O lado A fecha com a ótima “Quem Cuida da Casa”, que tem uma melodia mais pop e a letra com apenas quatro frases. Após a primeira audição, o impulso de cantarolar o final e acompanhar as palmas é praticamente incontrolável.

Um riff de guitarra dá partida a “De Cima do Muro”, primeira faixa do lado B, que é mais roqueira e tem um ritmo que aumenta a ansiedade exposta na letra. “Reparação” traz a vocalista Vanessa Krongold cantando em um tom diferente, mais agudo, falando sobre doação, troca e provocações em uma relação a dois.

O olhar, a paisagem, a memória. “Perspectiva” propõe novas visões de ângulos diferentes. Seu arranjo retoma a serenidade do lado A, embora seja mais melancólica que as anteriores. “Sétima Arte” fala sobre liberdade e experimentações em um clima que lembra a sonoridade de Disco Paralelo (Mondo 77 – 2007) e também o trabalho de Los Hermanos.

“O Fim da Paisagem” encerra o trabalho com um arranjo mais viajante e confortável, mesmo com os ruídos que tiram o ouvinte do lugar comum. Uma ótima forma de terminar um trabalho ameno, mas intenso, que traz o melhor da composição do Ludov.

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