segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Som de Cá - Nada vai evaporar

Cuidado, delicadeza e emoção. Esses são os ingredientes da música feita pela cantora, compositora e guitarrista Jennifer Souza. Parte feminina do grupo mineiro Transmissor, a moça lançou em julho, na internet, o disco Impossível Breve (2013), composto por nove faixas que apresentam o canto adocicado, arranjos bem construídos e poesia suficiente para aquecer qualquer coração. No início de novembro a obra ganhou forma física, o que fez com que o trabalho se tornasse sólido, incapaz de evaporar.

Jennifer não se desvincula totalmente de seus parceiros de banda neste trabalho. Thiago Corrêa e Henrique Matheus, que fazem parte do Transmissor, ajudaram na produção e gravação do álbum, além de tocar na banda que acompanhou a artista no disco.

"Entra, olha, tudo, muda, tudo, logo, desfigura..." É assim que Jennifer convida o ouvinte a iniciar uma breve viagem com a faixa "Sorte ou Azar". O refrão é crescente, mas suave. A letra fala do cotidiano, dá um conselho a quem ouve, pedindo para que ele deixe acontecer. Em "Voulouir" a cantora faz uma nova reflexão sobre o dia a dia, a existência.

"Pedro e Lis" tem a participação de Fábio Goés, que fala de uma relação desgastada pelo tempo, mas que se reconstrói. São ele e ela "tentando achar os passos pra outra direção". "Esparadrapo" tem um refrão bem construído, que dá vontade de sair cantarolando, e um final bonito, guiado por uma melodia que lembra Los Hermanos.

Uma beleza triste e profunda guiada por um ruído distante de guitarra. Esse é o panorama de "Logo Tudo Acabado". É possível sentir toda a dor expressada na letra, capaz de formar um nó na garganta. Jennifer caprichou nesta música.

"Le Flâneur" é dedicada a Rafael Godoy, um amigo da cantora. A música mantem o clima da anterior, falando de solidão, da sensação de andar em circulos, "rodopios". Alguém que flana sozinho pelo mundo, mas tem a esperança de que as coisas possam mudar. "Para Kerouac" quebra a melancolia. A faixa folk mostra os desafios de se percorrer a estrada e ir atrás de sonhos. Propósito ou não, é clara a influência do escritor beatnik na letra.

Um dos momentos mais interessantes do disco é "Possível Breve". É uma melodia contagiante, dividida em três momentos que se intercalam, e uma letra poética, amável e nada melosa. Para o encerramento, não haveria faixa mais apropriada que "Cuida de Si". Nela a artista propõe um olhar para o interior, para que a pessoa possa se entregar, se dividir e ser inteiro.

Impossível Breve é um disco feito com cuidado e carinho. Jennifer deixa isso transparecer em sua música. É arte feita com corpo e alma, algo que está em falta nos dias de hoje.

Ouça o disco:


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