segunda-feira, 7 de maio de 2012

Hiperatividade excêntrica


Karina Buhr se apresentou no Studio RJ no dia 04/05 com o show Longe de Onde (foto: Jorge Bispo)

À primeira vista parece uma nova versão de Ney Matogrosso. De body brilhante, jaqueta de paetê dourado e sombra rosa marcando os olhos, a pernambucana Karina Buhr encheu o Studio RJ de excentricidade.  Com a praia do Arpoador embelezando a vista do bar, a cantora subiu ao palco casa na última sexta (04/05) acompanhada de sua banda, que tem Fernando Catatau (guitarra) e Guizado (trompete), causando comoção em parte do público, que a saudava como se fosse uma deusa.

A apresentação começou com a tranquila "Sem Fazer Ideia" e seguiu com "Cadáver" que tem um clima reggae. "Não Me Ame Tanto" foi a primeira a animar totalmente o público. Sem falar muito, Karina emendou uma música na outra. O repertório foi composto pelas faixas do disco mais recente Longe de Onde - apenas "Não Precisa Me Procurar" ficou de fora -, e algumas do elogiado álbum de estreia, Eu Menti Pra Você.

No palco, Karina interfere nos instrumentos dos companheiros, rola no chão como se tivesse sofrendo uma convulsão e corre de um lado para o outro, como uma hiperativa. Seu público é diverso – vai de metaleiros a fãs de mpb – e reflete sua música difícil de enquadrar em apenas um estilo. No show, canções como "A Pessoa Morre" e "Pra Ser Romântica" ganham uma densidade não encontrada nos discos.

A influência punk aparece na esquizofrênica "Cara Palavra". Em "Guitarristas de Copacabana" ela e a banda mostraram o quanto são entrosados, e apresentaram o momento mais roqueiro da noite – apesar do som dos instrumentos estar muito alto na hora e não ter dado para entender o que ela cantava. Já as bases eletrônicas estão em "The War’s Dancing Floor" e "Copo de Veneno". Enquanto cantava essa última, recebeu um copo de bebida da produção e em tom de brincadeira perguntou: “É de graça, né?”.

Em "Nassiria e Najaf" ela pula do palco e puxa um trenzinho com os fãs, volta e apresenta a banda – que conta também com Mau (baixo), Bruno Buarque (bateria) e André Lima (teclado). O show terminou com “Ciranda do Incentivo”, uma crítica à indústria fonográfica em ritmo de funk carioca, e uma pequena parte dos presentes dançavam como se estivessem num baile.

Depois da despedida, a banda pegou os instrumentos de volta e fez um bis que pareceu não estar programado com as músicas "Eu Menti Pra Você" e "Plástico Bolha". Karina foi excêntrica durante todo o show. Com suas letras cheias de ironias e sarcasmos, melodias fora do comum e sotaque nordestino carregado, é difícil de agradar ao grande público, mas quem estava presente no show se surpreendeu com o pique da nordestina e pôde aproveitar uma grande noite na cidade que, como Karina canta, continua linda.


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