O underground parece fazer parte da carreira de André Frateschi.
Conhecido não só de papeis em novelas e minisséries globais, o artista (não no
sentido banalizado de celebridade, mas sim no sentido real, de quem faz e
produz arte) também atua há um bom tempo na cena independente paulistana. Após
tocar em inúmeros projetos – entre eles o Heroes, no qual apresenta covers de
David Bowie, e o Hits do Underground, onde revisitou músicas de artistas e
bandas da cena paulista junto com sua mulher, Miranda Kassin –, Frateschi agora
lança seu primeiro trabalho solo autoral.
André e Miranda revisitando "Dê" de Tatá Aeroplano no disco Hits do Underground
Maximalista pode ser considerado uma pintura sonora sobre a
capital paulistana feita pelo músico. Por ser “filho da fumaça e da aspereza do
concreto” – como declarou em entrevista a um site –, Frateschi usou toda a
influência da cidade grande para criar um trabalho urbano, alternativo, sujo e
de extrema qualidade.
Dividido em dois lados – um de 10 e outro de cinco faixas –,
o álbum começa com a faixa-título que narra a rotina em São Paulo e como um
sujeito como ele se deita e se levanta todos os dias com ronco de motor,
fumaça, e sempre ligado em “outra tomada em outra tomada em outra tomada”. Essa
conexão com ou sem fios e tomadas também aparece em “A Máquina Preenche”, que
fala sobre o espaço que a tecnologia ocupa em nossas vidas. Em um dos melhores
vocais do álbum, a voz de Frateschi acompanha a melodia da guitarra e brinca
com a letra da música de forma interessante.
Livremente influenciado por David Bowie, o artista entrega
grandes rocks ao ouvinte como “Eu Não Tenho Saco”, “Tudo Vai dar Tempo” e “Isso
é Coisa Pra Homem” que tem ótimas camadas de teclado mesclada às guitarras
sujas. A última ainda traz um incrível backing vocal no refrão criando um dos
momentos mais emocionantes do trabalho. Outra que parece ter grande influência do
camaleão do rock é “SP, Berlin”, faixa com pegada de jazzística que pode
figurar entre as melhores do ano fácil. Outro destaque é o fervor punk de “Turma
do Bem”.
Para gravar Maximalista, Frateschi recrutou nomes
interessantes da cena paulistana como André Abujamra (guitarras), Loco Sosa
(bateria), Zé Mazzei e Dudinha Lima (ambos no baixo). O tecladista de Bowie,
Mike Garson, também participa de algumas faixas do álbum, incluindo a
instrumental “Soul Searching”, que encerra o trabalho.
A arte ficou a cargo do quadrinista Fabio Moon, que deixou o
trabalho com cara de revista em quadro muito bem feita e deu a Frateschi um ar
de anti-herói na ilustração da capa. Perfeito para um disco super, mega,
máximo. Maximalista.
Ouça o disco:
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