terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Quem Conta um Conto - A vida na estrada

Em 1957, o americano Jack Kerouac lançou o livro On The Road, uma das publicações mais importantes do movimento beat. A obra foi considerada inovadora e influenciou um grande número de artistas da literatura, do cinema e da música, como Bob Dylan.

Como um grito de liberdade, o texto narra a peregrinação de Jack pelos Estados Unidos e pelo México, iniciada em 1947. Lançado no Brasil pela L&PM Editores em 2008, o Manuscrito Original foi feito durante três semanas em 1951, quando Jack estava sob o efeito de benzedrina e inspirado pelo jazz. Diferente da versão editada, o texto original traz o nome verdadeiro de todos os personagens, o que dá ao livro um tom biográfico.

O grande companheiro de Kerouac nas viagens é Neal Cassady. Mas antes de encontrar o amigo, Jack se aventura pelas estradas pedindo carona, conhecendo figuras marcantes e se virando com pouco dinheiro. Pelo caminho ele esbarra em Allen Ginsberg e William Burroughs (chamado por Jack e seus amigos de Bill), que também se tornaram dois grandes nomes do movimento beat, e começa a criar vínculos de amizade.

Pode-se dizer que, acima de tudo, On The Road é um livro sobre amizade. Neal e Jack são grandes parceiros e se completam. Neal é impulsivo, falador, irresponsável, e esse tipo de comportamento acaba afetando a personalidade mais serena de Jack. Conforme eles avançam pela estrada, Kerouac se mostra cada vez mais parecido com Neal, e por vezes os papéis acabam se invertendo.

A estrada dá ao protagonista um espírito de liberdade e não existem regras estabelecidas. Neal passa a maior parte da história em um relacionamento com Luanne Henderson, que por sua vez demostra um estranho afeto por Kerouac, que vive pensando no momento em que estará a sós com a jovem. Neal não liga, e mantém um casamento com Carolyn, que vive sozinha enquanto o marido se aventura pelo país.

A experiência se intensifica com o uso excessivo de drogas, pelo sexo, e pelo transe que os personagens entram quando ouvem a música negra. No México, tudo isso fica mais forte, e os personagens parecem possuídos pelo ambiente.

Sem pausas, capítulos ou parágrafos, o manuscrito de On The Road é um texto apaixonado, desprendido e grandioso.

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