A busca pela própria identidade, pelo lugar que pertence é o que norteia o livro Os Famosos e os Duendes da Morte de Ismael Caneppele. O eterno dilema entre partir e ficar, entre buscar sua verdade no desconhecido e permanecer no seu lugar de origem.
É com ajuda da internet que a história, com poucos diálogos, se desenvolve. A internet que aproxima o personagem de coisas distantes e o distancia das pessoas próximas. "Estar perto não é físico."
Existe o medo da vida, do futuro, e um certo encantamento com a morte. Fantasmas que o assombram, mas que tornam sua sobrevivência mais leve. Por isso acreditar neles. Não só os fantasmas, mas também as músicas - de Bob Dylan, principalmente - e os hiperlinks que o fazem acreditar em um lugar melhor para viver. Esse lugar pode estar longe, mas pode ser a sua própria casa.
Um protagonista sem nome. O adolescente que não se encaixa na rotina da pacata cidade. A internet oferece a imensidão de uma vida que parece mais real do que as pessoas apática a sua volta. Ausências que quase se materializam de tão fortes e incômodas. Os suicídios recorrentes que sinalizam a falta de perspectiva e, contrariamente, a libertação de um lugar enevoado que parece sufocar a todos.
O sentimento de deslocado na escola, a morte do pai, o suicídio da menina encantadora que ressurge e se mantém viva na memória do menino, e nos links do canal do YouTube. O amigo misterioso que não tem medo de atravessar a ponte para um lado sombrio que tende a ser mais nítido do que o marasmo do incômodo destino que parece ser traçado de forma igual para todo e qualquer habitante do depressivo lugar.
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