por Bruno Bartholini
Maior bilheteria no último final de semana, com média de 2.555 espectadores por cópia, vencedor de melhor filme longa-metragem, melhor diretor, melhor trilha sonora e do júri popular do FestCine de Maracanaú, no Ceará, estado que é cenário da película. A comédia de Halder Gomes, Cine Holliúdy - que, apesar do nome, é 100% brasileira -, tem orçamento de R$ 1 milhão e está na frente de grandes produções como os americanos Wolverine – Imortal e Os Smurfs 2. O filme estreou no Ceará com apenas 10 salas e, em seis dias de exibição, o número de ingressos vendidos já ultrapassava os 40 mil. No dia 30 de agosto, a obra chegou a outras 50 salas de cinema das regiões norte e nordeste. Segundo o diretor do filme, em meados de setembro os brasileiros de todos os estados do país poderão assistir ao filme.
A comédia terá a missão de mostrar ao povo brasileiro um pouco desta cultura. Em entrevista concedida à rádio CBN, Halder afirmou, cheio de orgulho, que o filme reestrutura o cinema nacional e mostra a diversidade cultural do povo brasileiro.
- Esse filme está revolucionando o cinema brasileiro e apontando caminhos para o cinema nacional, que é exatamente mostrar que o Brasil é um país continental, com culturas mais diversificadas possíveis. E o cinema tem que pensar assim também - disse.
Recordes batidos e expectativas à parte, Halder Gomes afirmou que o filme só se tornou um fenômeno graças a qualidade do trabalho que foi reconhecida pelo público cearense. Segundo ele, lançar o filme primeiro no estado que ele retrata para depois espalhar pelo Brasil foi uma estratégia bem sucedida.
- Se fizéssemos um orçamento aberto em todos os lugares talvez o filme ficaria diluído dentro dos outros filmes e não teria a repercussão da qualidade que ele tem para apresentar, do aspecto inovador que ele tem. Então começamos pelo caminho inverso, onde eu sabia que poderia se tornar um fenômeno. E isso acontece porque o produto é bom, porque o produto entrega a expectativa que quem compra o ingresso trás para o cinema - afirmou o diretor.
O filme é em português, com legendas também em português. E isso fica explícito antes mesmo de começar, com um aviso explicando o motivo das legendas. Segundo Halder, o cearense fala o cearencês, uma variável da língua portuguesa que “beira o dialeto” e que não consegue ser compreendida em outras partes do Brasil. A história do filme é inspirada em uma lembrança da infância do diretor, quando chega ao interior uma sala de cinema. Amante da sétima arte, Francisgleydisson - cujo nome é tipicamente cearense - tenta manter o cinema em meio a rejeição dos moradores da cidade que vislumbravam a chegada de uma tecnologia muito mais inovadora na época: a televisão.
- Na minha infância, eu não entendia como as pessoas deixavam de ir ao cinema para ver televisão no meio da praça, levando as cadeiras para a praça, né. Então o filme trás esse olhar cômico e inocente onde eu não percebia aquilo que estava acontecendo e a diversão que eram essas sessões de cinema - lembrou.
O diretor contou ainda que ser engraçado e fazer piadas faz parte do cotidiano do povo do Ceará.
- O nosso dia a dia é repleto de piadas, de bom humor o tempo inteiro. Então a essência do humor cearense vem dessa tolerância de exercer a brincadeira um com o outro o tempo inteiro. É aquela questão de não perder a piada, mas perder o amigo. O cearense não perde a piada. Então, o humor para a gente é o nosso realismo. Não é algo forçado. E é também nossa forma de lidar com as dificuldades, lidar com as tragédias.
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