segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Faixa a Faixa - Cruzada de amor contínuo

Karen O - Crush Songs (Cult Records - 2014)
Quem vê Karen O extravasando à frente do Yeah Yeah Yeahs não imagina a delicadeza que a cantora carrega dentro de si. Seu lado mais delicado já foi apresentado nas trilhas sonoras de Where The Wild Things Are e Her - pela qual ela chegou a ser indicada ao Oscar de melhor canção original este ano. Agora Karen apresenta seu primeiro disco solo. Crush Songs (2014) parece uma trilha sonora lo-fi, daqueles filmes bem alternativos e melancólicos.

Com belas canções gravadas entre 2006 e 2007, quando a cantora tinha 27 anos. Ao anunciar o trabalho, ela declarou que o álbum "é uma trilha sonora do que foi uma cruzada de amor contínuo". E ao despejar todo seu amor no disco, Karen presenteia os fãs com canções incríveis como "Rapt", que acalenta o vazio e ironiza o amor com frases como "love is soft, love is fucking bitch" ("o amor é suave, o amor é uma puta").

Também há a doçura de "Ooo" - que ganhou um lindo clipe dirigido pelo ex-namorado Spike Jonze, com participação de Elle Fanning. "Visits" traz um clima ameno, como aquele sol que tenta se firmar por trás das nuvens após uma manhã chuvosa. A melancolia do álbum é reforçada por "Comes The Night" e "So Far".

Ouvir Crush Songs é doloroso e ao mesmo tempo prazeroso. As faixas são curtas, entre um e dois minutos. Apenas três faixas vão além dos dois minuto, reforçando assim a ideia de uma trilha sonora. "Day Go By" tem uma melodia leve, mesmo com uma letra falando sobre dor. Já "Body" dá uma lição sobre o amor. "If you love somebody, anybody / there will always be someone else / so make it right for yourself". O áudio de baixa fidelidade (lo fi) é bem destacado nesta faixa, que tem um ruído forte na parte final que dá um efeito interessante.

A estética do álbum é bem sofisticada. Por ser todo lo fi, o disco tem um aspecto de gravação caseira bem charmoso e atraente, que não traz incômodos aos ouvintes. Seja na melancolia acústica de "NYC Baby", ou na guitarra desleixada de "Native Korean Rock", o álbum é repleto de amor e poesia.

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