quinta-feira, 17 de julho de 2014

Quem Conta um Conto - Angústias de um eterno mito

Qualquer jovem roqueiro com o mínimo de repertório sabe, pelo menos, cantarolar algum trecho de música do Nirvana. Dizer que Kurt Cobain foi um mito e um artistas influente é como chover no molhado. Mas Charles R. Cross, jornalista e editor da revista Rocket, de Seattle, que conheceu e conviveu com o músico, foi além da afirmação e fez uma análise da carreira e da personalidade de Kurt para entender o legado que ele deixou na música e na história. O resultado é o livro Kurt Cobain - A Construção do Mito (Agir, 2014).

Em seis capítulos, Cross - que também é autor da biografia Mais Pesado Que o Céu (Editora Globo), também sobre Cobain - passeia pela música e as influências do músico, o movimento grunge, a moda e o vício para (des)construir a imagem de uma geração e de seu principal porta-voz. O interessante do livro é conhecer histórias e projetos que vão além da história do líder do Nirvana.

No capítulo sobre moda, Cross fala sobre a polêmica coleção de Marc Jacobs inspirada no movimento grunge, que foi considerada um fiasco por alguns, e depois passou a ser exaltada. O jornalista também relata a campanha da Dr. Martens que mostra Kurt usando um dos seus coturnos. Nesse ponto, Cross mostra como a imagem de Kurt é tão forte que foi utilizada para vender produtos que - segundo o autor - ele nunca usou.

Outro ponto apresentado por Cross no livro é o fato de Kurt ser associado à Seattle, embora tenha nascido em Aberdeen, também no estado de Washington. O vício do músico em heroína também é debatido no livro. Cross diz que Kurt sempre foi um cara preocupado com a saúde e que sempre evitava bebidas e drogas devido aos problemas estomacais. O suicídio de Kurt fez a sociedade e artistas discutirem o uso de drogas. Estudiosos começaram a pesquisar a relação entre o uso de entorpecentes o suicídio  O autor aponta planos de prevenção desses casos que surgiram em decorrência da morte de Cobain.

Kurt foi um artista que dialogou com a juventude por meio de suas músicas e, mesmo após sua morte, o número de fãs do Nirvana só aumenta. Sua música é atemporal porque todo jovem consegue se identificar com a angústia expressada em suas letras. Esse é o mérito do artista, que consegue botar pra fora toda a sua dor e fazer com que ela seja universal. Assim como Mais Pesado Que o Céu, esse novo livro de Cross é essencial para quem quer entender e desvendar a alma e a grandiosidade de Kurt Cobain.

"Sob muitos aspectos, Kurt Cobain foi o último astro do rock. Não digo isso para diminuir os inúmeros outros talentos musicais que surgiram nos últimos vinte anos, mas nenhum artista do rock 'n' roll desde Kurt teve a mesma combinação de talento, carisma, ambição e, mais importante, genialidade para compor."

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