O Circuito Banco do Brasil aparentemente é uma ideia interessante: fazer uma turnê itinerante com música, arte e esporte. Algo comum no exterior. Apesar disso, a execução não foi das melhores. A etapa carioca do festival foi realizada no dia 9 de novembro, no Parque dos Atletas - também conhecido como Cidade do Rock. Mas o que se viu ali foi uma tentativa frustrada de se fazer um evento grandioso.
Começando pelo espaço, com o chão repleto de poças de água. Não sei se foi pela chuva de dois dias antes ou por vazamentos que nem no Rock in Rio. Também houve desorganização na hora de compra e venda de fichas para alimentação. O público comprava a ficha acreditando que poderia usá-las tanto nos bares e lanchonetes, quando nos vendedores ambulantes. Mas estes, só aceitavam dinheiro.
A saída foi um caso a parte. O público deveria pegar ônibus em uma rua próxima ao Parque dos Atletas, mas a desorganização das filas e a falta de informação forçou muita gente a pegar táxis ou a andar alguns metros em busca de outra alternativa de transporte. Os mais resistentes ficaram nos pontos, mas demoraram para embarcar ou conseguiram sair rápido, mas em transporte lotado.
Mas a saída não deve ter apagado os grandes shows da noite. Rodrigo Amarante + Tom Zé, Detonautas e Scracho se apresentaram no Palco Brasil, o menor. A programação do Palco Circuito, o principal, começou às 18h30, com um show dos Raimundos. Entre sucessos como "A Mais Pedida", "Mulher de Fases", "Reggae do Maneiro" e "Puteiro e João Pessoa" houve espaço para o apelo à volta da Rádio Cidade, que atuava no dial carioca até 2006 tocando apenas Rock.
Em seguida, os veteranos dos Titãs se apresentaram com um repertório que contagiou todo o público do evento. Grande parte das músicas eram dos discos mais antigos da banda, mas que mesmo assim, a plateia formada por jovens entre 15 e 30 anos cantavam sem errar as letras. As mais recentes eram "Vossa Excelência" e "Epitáfio". Eles não precisaram fazer discurso político, ou defender as manifestações, as letras falavam por si só e, por isso, causaram um êxtase no público que cantou "Polícia", "Aluga-se", "Bichos Escrotos" e "Homem Primata".

"Mosquito", música que batiza o disco lançado por eles este ano, abriu o show com uma pegada roqueira e pesada, destacando a voz esganiçada e punk de Karen. O set seguiu com "Man" e "Gold Lion", primeiro momento que o público interagiu com a banda, batendo palmas com o ritmo de "We Will Rock You" do Queen. As ótimas "Under The Earth" e "Rockers to Swallow" não agradaram o público que só se animou com o hit "Zero", que transformou o lugar em uma pista de dança. As românticas e melódicas "Cheated Hearts", "Maps" e "Despair" empolgaram os fãs. Logo em seguida veio "Sacrilege", uma das melhores músicas do ano, e o público se animou mais uma vez, com o refrão cantado por um coral pré-gravado. "Heads Will Roll" e "Date With The Night" encerraram muito bem o show, mas a longa pausa que a banda faz na última música irritou mais ainda os fãs mais chatos da última banda. Pior pra eles, que perderam uma apresentação original e fora do comum.


O festival foi marcante pelos bons shows, com som bem mixado, mas também - infelizmente - pela desorganização.
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