quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Faixa a Faixa - Mente inquieta

Foo Fighters - Sonic Highways (2014 - RCA)
A cada lançamento do Foo Fighters, Dave Grohl tenta inovar durante o processo de composição e gravação, e presenteia os fãs com diferentes produtos. Para o oitavo trabalho da carreira da banda não foi diferente. Sonic Highways (2014) tem oito músicas gravadas em oito estúdios de oito cidades dos Estados Unidos. Como disse o próprio Dave, o trabalho é "uma carta de amor à música americana".

Antes do lançamento do disco nesta semana, a série homônima estreou em 17 de outubro na HBO americana - aqui no Brasil será exibida pelo Bis, a partir de 30 de novembro -, mostrando os bastidores da gravação e contando a história da cena musical de cada cidade onde o disco foi gravado. O programa ainda apresenta entrevistas com personalidades que fizeram e fazem parte do movimento musical local e gente importante para a história do país, como o presidente Barack Obama.

Dito isso, vamos ao disco. Em termos de sonoridade, a banda não inova muito, apesar de trazer elementos diferentes que dão um frescor a cada faixa nova. A começar por "Something From Nothing", que como toda boa canção do Foo Fighters, tem uma abertura melódica e cresce para um refrão explosivo e raivoso. O interessante da faixa é a levada funkeada que surge no meio e é acentuada por sintetizadores. Gravada em Chicago, com o produtor Steve Albini (de In Utero, do Nirvana), a faixa conta com a participação de Rick Nielsen, do Cheap Trick, tocando uma quarta guitarra.

Em seguida vem "The Feast and The Famine", gravada em Washington DC, que traz uma pegada mais roqueira e nervosa. Esta também traz um som presente em todos os discos da banda, sem nenhuma novidade. "Congregation" tem a participação de Zac Brown no backing vocal e na guitarra. Com riffs que dão grandiosidade à melodia, a faixa foi gravada no estúdio do convidado, em Nashville, e é uma das mais bacanas do disco.

Vocais raivosos e melódicos fazem com que "What Did I Do?/God As My Witness" apresente uma dualidade. A primeira parte é agitada, nervosa e pesada, e em seguida ela se transforma em um lamento reforçado pelo solo do incrível Gary Clark Jr. Esta foi gravada em Austin, no Texas.  Já "Outside" foi gravada em Joshua Tree, na Califórnia, no estúdio Rancho de La Luna, com participação de Joe Walsh, do Eagles, e não acrescenta muito na sonoridade da banda.

A Preservation Hall Jazz Band dá um toque especial à "In The Clear", produzida em Nova Orleans, a cidade do blues. Com o tom grandioso promovido pela banda participante, a música ganha ares de Bruce Springsteen e se destaca no álbum.

Em "Subterranean", faixa de Seattle, Dave fala sobre a morte de Kurt Cobain, companheiro e líder do Nirvana, e sobre o fim de sua antiga banda. Com um dos arranjos mais melancólicos do disco, Ben Gibbard, do Death Cab For Cutie participa dos backing vocals. É perceptível o tom emotivo de dor e esperança apresentado ao longo dos seis minutos da faixa. O encerramento desta é também a abertura de "I Am A River", oitava e última música de Sonic Highways, representando Nova Iorque. A faixa que traz Kristeen Young nos backing vocals e o produtor Tony Visconti no arranjo de cordas é o momento mais grandioso do disco e encerra de forma catártica e emotiva.

Após a audição, o que se percebe é que dificilmente o Foo Fighters vai mudar sua identidade musical e a característica de suas composições. O que torna Sonic Highways interessante é todo o trabalho feito nos bastidores e a proposta que gerou a série e o disco, tudo isso, fruto da sempre inquieta mente de Dave Grohl.

Ouça o disco:

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