sábado, 1 de fevereiro de 2014

Som de Lá - A força da alma

Não haveria estilo melhor para Sharon Jones cantar do que a soul music. Com a força e emoção que emprega em suas canções, a cantora lançou este mês o sexto disco da carreira com os Dap-Kings, Give The People What They Want (2014 - Daptone Records). O álbum seria lançado em 2013, mas a descoberta de um câncer no ducto biliar fez o trabalho ser adiado. Talvez por isso este novo trabalho seja um dos mais significativos da trajetória musical de Sharon.

Antes de lançar o primeiro disco, Sharon trabalhava como guarda em um presídio de Nova York e como cantora de apoio. Em 2002, Dap Dippin' with Sharon Jones and The Dap-Kings (Daptone Records) revelou a voz da cantora e o talento de seus parceiros. O trabalho traz toda a influência da soul music dos anos 60 com uma pegada funkeada frenética.


Naturally (2005 - Daptone Records), mantém a sonoridade retrô e chama a atenção do produtor Mark Ronson, que convida os Dap-Kings para gravaram os arranjos do segundo disco de Amy Winehouse, o aclamado Back to Black (2006 - Island Records). Com o sucesso estrondoso da britânica, os Dap-Kings ganham projeção e o disco seguinte, 100 Days, 100 Nights (2007) projeta o nome de Sharon como uma das grandes revelações da soul music contemporânea.

É inegável que Sharon tem grande influência na retomada do estilo nos anos 2000, mesmo o mérito tendo ficado todo em cima de Winehouse, até porque, talento, voz e emoção as duas têm de sobra. O terceiro álbum grupo segue a linha com uma sonoridade mais suave, como é possível ouvir em "Let Them Knock" e na faixa título. Nem por isso 100 days deixa de ser um disco incrível.


O grande lance de Sharon e seus parceiros é que não há necessidade de renovar o som. Apostar na sonoridade e nas influências clássicas e nos arranjos grandiosos é uma alternativa certeira. I Learned The Hard Way (2010) traz canções incríveis, com vocais dramáticos e coros sessentistas. Um exemplo disso é a faixa "If You Call", que tem um clipe tão dramático quanto a interpretação de Sharon.


Soul Time! (2011) retoma o swing do funk com a força do soul da cantora. As duas partes de "Genuine" são um convite à pista de dança, enquanto "Settling In" traz um clima mais romântico e apreciativo.


"Retreat" abre o novo trabalho do grupo em grande estilo. Uma música que pode figurar entre os standards da soul music. "Stranger to My Happiness" e "You'll Be Lonely" traz o suingue funkeado guiado pela bateria e pelo incrível naipe de metais. "Making up and Breaking Up (And Making up and Breaking up over Again)" e "Get Up and Get Out" formam uma ótima dobradinha retrô e um dos melhores momentos do álbum.


Os Dap-Kings são músicos sensacionais e Sharon é a parceira perfeita para eles. Há emoção na música, na voz, nos arranjos e no olhar. Aos 57 anos, a soul woman é puro astral e, por causa de toda essa força, conseguiu vencer a doença e continuar fazendo o que melhor sabe fazer: emocionar pessoas.

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